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Arquitetos: Ramos Castellano Arquitectos
- Área: 1265 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Sergio Pirrone
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um novo Centro Nacional de Artesanato e Design, uma renovada visão sobre a arte e a cultura Cabo-verdiana na cidade de Mindelo. O projecto do museu nasceu de um sonho visionário. Durante uma conversa informal com o diretor do Centro Nacional de Artesanato e Design, ele nos perguntou se tínhamos uma ideia para revitalizar aquele espaço – uma antiga casa colonial com um pátio e na parte posterior, um edifício antigo. A nossa resposta foi a ideia de um novo icónico edifício, um museu. A partir daquele momento, combinou-se a sua energia, a nossa visão e a dedicação de ambas as partes, com o suporto e o financiamento total do Governo.
O local de intervenção inclui, na parte da frente, uma casa antiga de importante relevo na História de Mindelo, que foi restaurada. Próximo a esse edifício, temos um pátio e na parte traseira o segundo edifício. Fomos encarregados do restauro da casa antiga, da concepção do edifício novo e do pátio, que estabelece a conexão com a casa antiga. As exposições, o café, a loja e o branding são da equipa da curadoria e do design do CNAD.
Cabo Verde é um arquipélago de 10 ilhas no meio do Oceano Atlântico. A maioria dos produtos, incluindo roupa e comida, chega do estrangeiro enviado pelos emigrantes cabo-verdianos, em contendores e barris de petróleo. Já nas ilhas os barris são amplamente utilizados, transformados em recipientes de uso no dia-a-dia bem como material com muitos outros usos.
A nossa proposta foi de abater os muros, abrir o pátio para a cidade; e utilizar as tampas dos barris criando uma pele destacada que cobrisse o inteiro museu, homenageando esse objeto tão simples, mas tão enraizado nas vidas do povo de Mindelo e de todo Cabo Verde.
Como nos outros projectos, o objetivo foi de trabalhar com o menor número de recursos e com artesãos do Centro em uma oficina de autoconstrução usando materiais reciclados. Embora o orçamento inicial tenha aumentado, mantivemos o conceito inicial. A ideia é realmente de levar para o centro da cidade e homenagear um material muito utilizado nas periferias. Mas mais do que isso, ele também tem uma função específica.
A dupla fachada ventilada do novo edifício garante um controlo passivo da temperatura interna sem ar condicionado, as tampas podem rodar como persianas, permitindo a modulação da luz interna e do fluxo de ar. A energia será fornecida por painéis foto-voltaicos.
As cores escondem uma partitura musical. Cada cor é uma nota musical. Visto que queríamos utilizar o fenómeno perceptivo da sinestesia, portanto convidamos o compositor e multi-instrumentalista cabo-verdiano, Vasco Martins, para participar e escrever a musica por trás das cores; homenageando as tradições musicais das ilhas e transmitindo uma alegria visual musical para a praça.
Todos os moveis do edifício novo são desenhados para RamosCastellano arquitectos e produzidos para artesãos em Cabo Verde.